Boa noite, gurias!
(posts quinzenais, oi? rs Pois é, dei uma olhada no meu arquivo e não foi bem assim que o blog funcionou até agora. A explicação é simples: amo falar, adoro escrever. aí acabo me prendendo demais a detalhes que não são tão importantes pra vocês. e além disso, as vezes o 'tema' vem. Mas enfim, vai ser ótimo ler isso daqui alguns anos e poder visualizar o quanto eu amadureci! haha)
Pois então, gente. O assunto de hoje é mais sobre o mundo real, do que o mundo aupairiano. Quero falar um pouco sobre as kids, da minha terceira referência - o voluntariado na instituição, que eu já comentei aqui.
Viram só? Não mostrei meu video ainda, mas hoje vou colocar aqui algumas fotos do application rs |
Well, desde que eu descobri o au pair, a primeira coisa que me encantou no programa foi: crianças!! Eu nunca nem tinham idealizado um plano real de intercâmbio, porque era algo que eu achava legal, mas não acreditava que pudesse ser pra mim (finanças hehe). Aí descobri o programa, e nossa, ir passar o dia com crianças, na casa de uma família legal (gente, a primeira impressão!! rs) e morando nos EUA? Eu quero! Naquela época, eu tinha uma única experiência que poderia ser 'contabilizada' (detesto pensar assim, parece que estou me aproveitando das crianças). Então, logo vi que eu precisaria incrementar esse quesito do perfil.
Aí, passei os anos do Ensino Médio a base de blogs, histórias boas e histórias ruins, e a vontade de ser au pair sempre aumentava. Quando finalmente terminei a escola, fui atrás de uma escola de educação infantil, para iniciar o voluntariado. Tem uma há quatro quadras da minha casa, bem pertinho mesmo. Seria easy easy voluntariar la, porque a diretora foi minha professora, e a gente sempre se deu bem. Porém, antes de ir falar com ela, uma amigona minha, que tá sempre torcendo e rezando por mim, e que sabe que meus planos são de fazer uma faculdade de serviço social e trabalhar com kids, me indicou esse lugar que estou hoje. Eles fazem parte de uma associação beneficente, que controla cinco entidades. Essa, na qual eu voluntario, é quase que uma escola comum de educação infantil (0 - 3 anos). Entretanto, eles só atendem a crianças carentes, com um tratamento especial para elas e para as famílias.
Trabalhar lá me ajudou muito, com certeza, pra muito além do au pair! Claro, lá tive a certeza de que sou realmente capaz de lidar com diferentes crianças, mas a história de cada uma delas, o carinho, as brincadeiras, e as falas mais autênticas impossível, me ensinaram MUITA COISA! Posso dizer pra vocês, com toda certeza, que amo 'minhas' kids. Quando não tô com elas, fico lembrando de algo que aconteceu, de um beijo espontâneo, ou de um choro de crocodilo, sabe aqueles momentos que a gente tem que segurar pra não rir? É muito bom mesmo.
Pra vocês terem uma ideia, logo que entrei lá me deparei com um casalzinho de gemeos, 1 ano e alguns meses de idade. Gente, eles tem cara de brabo!! São muito carentes no quesito carinho. Nossa, tive até medo deles, porque eram (na verdade, são) muito brabos. Mas no momento que tu dá atenção, da colo, faz cosquinha, brinca e conversa, viram outras crianças! É mágico, e é lindo de ver. É uma pena que eu não possa estar com eles direto, pra que isso virasse cotidianos, e não apenas uma parte do dia.
meu bugrezinho! s2 é muito amor por ele, gente! |
Porém, estar com elas não é só alegria. Na verdade, por causa da não-alegria que encontro lá todos os dias, cada vez tenho mais certeza de duas coisas: 1- quero ser assistente social! 2- professores deveriam receber muito mais, talvez assim, tivessem mais vontade de estar com as kids. Especialmente ali é complicado, porque as professoram acabam com uma carga muito grande: precisam educar as crianças, precisam dar muito carinho, e além de tudo, aguentar chilique dos pais, que não fazem, em casa, nem 10% do que elas fazem pelas crianças.
Mas, por que falar disso hoje pra vocês? Em vez de ser inteligente e guardar assunto pra quando o blog estiver as moscas? É que essa semana vi/ouvi coisas realmente tristes... Não sei se as enchentes aqui do sul são notícia de nível nacional, mas sei que aqui, não se fala em outra coisa! Pois é, tivemos cinco dias de chuva, mas gente, CHUVA DIRETO! Não parou de chover, foi uma coisa muito louca. Além do frio (que já estamos acostumados) já ter sido mais intenso do que o de costume - tivemos até neve na Serra, neve de verdade! (olha a foto aí) - e que, com certeza já foi suficiente pra atingir as crianças, tivemos essa chuva, que vai voltar mais intensa ainda em setembro... Pois então, com essa chuvarada toda, os rios e arroios da região transbordaram, e atingiram as casas. Não só casas pobres, mas também casas boas, de material, que são localizadas nas proximidades desses rios. Enfim, tem outros transtornos, como toda a cidade estar sem abastecimento de água, a falta de luz e a tranqueira nas rodovias. Mas gente, isso não é NADA, perto do que essas pessoas que tem agua dentro de casa, num nivel de dois metros de altura, estão passando... Sair de casa, com água pela cintura, apenas com os documentos na mão, e os filhos de arrasto, deixando tudo pra trás, deve ser a coisa mais triste.
Estou muito preocupada com as minhas crianças. Ontem fui dormir no quentinho das minhas cobertas, com as roupas prontas já pro dia seguinte, e pensei nelas. Me senti até um pouco mal. Aí a gente se pergunta, porque crianças? Porque tanto sofrimento? Enfim, muitas dúvidas, mas mesmo assim, eu não duvido de Deus. Essa tragédia, apesar de tudo, tem seu lado bom... ela nos ensinou muito, nesses poucos dias. as pessoas estão criando consciência da importância da água, colocando a solidariedade em prática, rezando pelos outros, e o principal, agradecendo pelo que têm!
Sei lá, só pra citar um exemplo, uma das minhas crianças (uma daquelas bem especiais sabe? que tu tem uma vontade enorme de trazer pra casa!) tem 3 anos, e uns 5 irmãos - estilo escadinha, mas enfim - a mãe é sozinha, e tenta dentro do possível, ser boa pra eles. Mas as condições financeiras, e o fato de estar sozinha pra cuidar de tantos (sei que o fato de serem tantos podia ter sido evitado e blablabla, mas divagar sobre isso deixaria o post mais enorme ainda!), não ajudam-na muito... então as coisas ficam complicadas. Na semana passada, o W. foi parar no hospital, por infecção intestinal! Gente, quando eu soube fiquei muito preocupada e com pena, até hoje não sei como fizeram pra ter alguém lá, acompanhando ele... Mas graças a Deus ele voltou pra casa, depois de uma semana, mais ou menos, bem mais magro e 'cabisbaixo', mas pelo menos acho que o pior tinha passado. Que sensação boa aquela de dar um abraço apertado e uns beijos naquela bochecha, que um dia foi mais gordinha hehe *--*
Então, depois de passar essa semana no hospital, sabe-se-lá como, ontem ele apareceu na tv, sendo carregado pela mãe (que tbm carregava a irmã mais nova, LINDA! um bebê de uns 10 meses), para saírem de casa, que já tinha água a 1m de altura (durante a noite e o dia de hoje, a tendência era subir mais!). Isso acaba com a gente por dentro. Claro que eu já tinha visto notícias como essa, quando outras catástrofes até maiores, acontecerem pelo país... mas quando tá assim, pertinho da gente, o impacto é bem maior. Fora que essa é apenas uma das histórias, sendo que é só ir até la na escolhinha pra conhecer varias outras, e sei que amanhã, ou mesma vou ficar sabendo de mais :\
Aí, é nesses dias, que me bate a culpa por querer ser au pair. Sei que eu posso crescer muuuuuito com essa experiencia... mas vejo as famílias das au pairs com casas que pra mim (pras minhas crianças então!) são coisa de novela, com viagens lindas e muitas compras rs É por isso que já falei aqui tantas vezes, sobre eu achar que talvez esse não seja meu momento. Eu quero que seja, mas não é a nossa vontade que prevalece, não é? E também, sei que mudar a realidade da minha cidade inteira não depende de mim, e que tem gente precisando de ajuda em todo o mundo, inclusive nos EUA (alías, alguma current au pair que possa falar de voluntariado americano? hehe). Hoje, mais do que ontem, tenho certeza de que o que Deus tiver pra mim, será, e eu vou realizar da melhor maneira possível. Agora, rezo apenas pra que eu entenda a vontade d'Ele, e que seja ilumina pelos caminhos, que é também, o que desejo a todas vocês, gurias!! Que a gente entenda, que tudo faz parte do plano de Deus! :)
Bom, o post de hoje era só um desabafo. Também quero pedir orações por todas essas pessoas que estão em dificuldade, e para que as outras saibam cada vez mais dar valor ao que têm! Ah, além disso, se tiver au pair gaúcha lendo isso, e que more próxima a região do Vale dos Sinos, toda ajuda é bem-vinda! Precisamos de roupa, alimento, material de higiene, meias (gente, meias!!), cobertores. enfim, pra muitos, é tudo novo de novo.
E agora, um vídeo das minhas kids pra vocês, babem em como elas são lindas! *----*
PS1: tem que aumentar o volume pra ouvir um dos menores dando 'tau' pra camera!
PS2: Reparem como nem a música da bruxinha enterte eles, quando exergam a camera - ta aí o porque da dificuldade pras fotos espontanes do application! enfim, mágoas passadas kk
De novo, desculpem o post enorme! Mas vocês já devem ter percebido que comigo é assim mesmo, rs
Beijos.
Duda!