Um passaporte esquecido, uma família solidária e um cônsul simpático
depois... I GOT IT!!
Pois é, gente, UM PASSAPORTE ESQUECIDO! Mas vamos começar do começo,
para que a história faça algum sentido. Primeira coisa: viajei de avião. Minha
mãe encontrou passagens “mais baratas” e meu pai resolveu comprá-las. Logo me
dei conta de que essas passagens eram mais baratas porque eram até o aeroporto
de Guarulhos (há uns 35/40km de SP capital), e não para Congonhas (dentro da
capital), como eu havia orçado. Porém, de Guarulhos para SP tem várias opções
de transporte, e mesmo tendo que pagá-las, o custo sai mais barato de que a
passagem para Congonhas. Ou seja, se você quer vir de avião e terá tempo hábil
entre a sua chegada e o horário do CASV, vale a pena desembarcar em Guarulhos!
Mesmo indo de avião, meu pai achou melhor comprar passagens para o
sábado. Minha agenda no CASV era para domingo (13/10) a tarde, então se
tivéssemos algum problema com atraso de voo, podíamos não chegar a tempo em São
Paulo.
Acabamos fincando em um hotel em uma esquina com a Av. Paulista.
Segundo o Google, o hotel era há uns 2km do CASV e 10km do Consulado (o que
para as dimensões de SP, são distâncias pequenas) Não sei que conta o google
faz, mas definitivamente, não era tão perto assim rs Eu recomendo o hotel,
porque o preço até que sai em conta e tem muitas coisas legais para se fazer
por perto, sem contar no ponto de ônibus e na estação de metro que têm a menos
de 5min do hotel.
Depois que chegamos no hotel no sábado, almoçamos e fomos caminhar na
Paulista. Aí passamos em frente ao teatro do SESI, e vimos que tinha um musical
em cartaz, dirigido pelo Miguel Falabella. Era de graça, e a sessão estava pra
começar. Resolvemos entrar, e foi bem na hora do terceiro sinal (aquele que
marca o início da peça). O teatro era MARAVILHOSO, acho que um dos mais legais
que eu já assisti – A Madrinha Embriagada. Mas lá pelas tantas, me vem a mente
“o passaporte!!”. Meu Deus, COMO EU PUDE ESQUECER O PASSAPORTE?? Eu passei a
semana inteira enchendo 'as pinica' de todo mundo aqui em casa, pra não
esquecermos de nada que a agência tinha recomendado que eu levasse. Ai chego
lá, e estou sem passaporte?
Minha vontade era sair correndo de dentro do teatro, e chorar a vida!
Como assim eu tinha chegado até ali, e iria perder minha agenda por causa do
meu esquecimento? Aí pensei “não, te controla. Tem que ter um jeito”. Comentei
com meu pai, e ele só disse ‘aaah’ rs Continuamos assistindo o musical, mas claro,
eu com a cabeça totalmente ligada nisso, e o meu pai, vim a descobrir depois,
na mesma situação.
Quando o teatro terminou, saímos e meu pai me olhou assim, com uma
carinha de quem pensava “pobre criança”, e não teve jeito, algumas lagrimas
rolaram. Aí ele me disse para manter a calma, porque ele já tinha mandado
mensagem pra minha irmã ver com nosso vizinho, que é dono de uma
transportadora, se teria algum caminhão saindo rumo a SP naquele dia. E em
30min, estava saindo um. Aí meu pai, bem tranquilo “amanhã de noite (seria
domingo) chega aqui”. E eu “como assim? Preciso dele para amanha a tarde!”
Expliquei pro meu pai a ideia que eu tinha tido ainda dentro do teatro: pedir
para meu dindo levar minha irmã até o aeroporto de Porto Alegre, e lá eles
procurarem alguém que estivesse vindo para Congonhas e pudesse me fazer o
IMENSO favor de trazer o passaporte. Meu pai achou a ideia boa, aí fizemos as
ligações necessárias, e lá se foram minha mãe, irmã, primo, dindo e amiga da
minha irmã (que estava passando o fim de semana aqui em casa) para o
aeroporto, em busca de ajuda.
Primeiro eles foram até os guichês das companhias aéreas, e nenhuma podia ajudar. Diz a minha mãe que
alguns até respondiam rindo da cara deles, e eles naquele desespero né haha Eu
tava me sentindo muito mal com isso, de deixar minha família aqui nervosa.
Porque se fosse o contrário, eu também estaria muito preocupada em conseguir
resolver o problema, mas enfim, eu não tinha outra escolha a não ser contar com
a ajuda deles.
Depois eles foram até uma empresa de despache, mas passaporte é o tipo
da coisa pela qual eles não se responsabilizam ê, sorte! Por fim, não
restou outra alternativa, a não ser atacar os passageiros mesmo. Minha irmã que
tomava a frente(ela disse que o próximo post do blog ela que quer escrever
haha) e depois de algumas tentativas, eles encontraram uma família que estava
indo para os EUA, mas faria conexão em Guarulhos. Nós tínhamos pensado em pedir
para alguém que fosse até Congonhas (porque era bem mais perto), mas eles
acharam essa família de confiança e claro que resolveram aceitar a boa vontade
deles né!
Aí minha irmã ligou para o meu pai, chorando, contando que tinha
conseguido. Dali pro meu pai começar a chorar foi um pulo, e claro, pra mim
também! Haha Segundo meu dindo, nós somos uma família muito emotiva ! RS
Bom, mas durante todo esse processo, eu e meu pai íamos nos comunicando
com o povo que estava aqui por celular. Aí eu e ele fomos jantar num shopping perto do
hotel, e bem nessa hora tínhamos recebido a informação de que nenhuma companhia
aérea se responsabilizaria pelo passaporte, então eu tava um pouco mais
triste. Mas aí meu pai resolveu parar
num quiosque do shopping que vendia ímãs divertidos. Eu nem quis olhar, fiquei
esperando ele. Vi que ele comprou um ímã, veio até mim e disse “esse é pra ti”.
Olhei o presentinho e estava escrito “Keep calm and confie em Deus!”. Achei tão legal da parte dele. Aliás, tudo
que todos estavam fazendo por mim, por um lado me deixava bem feliz. Pude
contar com todos que precisei! E isso é o que se chama família, não é?
Entããão, passado tudo isso, meu pai foi sozinho ate Guarulhos (pra não
pagarmos passagem pra dois), encontrou a família, agradeceu muito e chegou de
volta ao hotel perto da meia noite, com o bendito em mãos! *-*
No domingo, era dia do CASV. De manhã fomos à missa(tinha uma igreja
linda, atravessando a rua do hotel, e caminhando umas duas quadras) e quando
saímos de lá, vimos muita gente andando de bicicleta na ciclovia da Paulista.
Pedimos informação e era de graça, bastava entregar o RG e tu tinha direito a
uma hora de ‘lazer’. Claro que quisemos né? O dia tava lindo (o que foi mais um
presente de Deus, porque todos os dias falavam no jornal que ía dar temporal e
muito vento, mas nós só pegamos uma garoazinha bem de leve, na segunda de
noite, se não me engano). Depois disso tudo, almoçamos e fomos ao CASV. Meu
horário era as 15h30, mas tinha bem pouca gente, e eu cheguei la pocuo depois
das 14h. Como ía demorar pra chegar o meu horário, meu pai foi procurar um
ponto de ônibus próximo, pois nossa ideia era ir de taxi e voltar de bus. Nesse
meio tempo, a mulherzinha veio pegar os documentos, eu disse que meu horário
era tal, e ela disse que eu já podia entrar sem problemas. Beleza! Passei na
revista e a mulher viu a câmera dentro da minha mochila (levei junto porque
íamos no Museu do Ipiranga depois, que é lindo demais e eu queria levar meu
pai, já que ele é formado em história. Só que eu não lembrava que no CASV
também não pode entrar com câmera. Celular desligado até vai, mas câmera não.)
Eu não podia entrar por causa disso. Adivinhem o que eu fiz? Usei a
cabeça e aluguei um porta-volumes? Não!! Kkk Na ansiedade de entrar, pedi para
uma mulher que tava esperando o filho do lado de fora, segurar minha mochila. Ela
topou e eu entrei. DEPOIS de ter entrado é que percebi que tinha deixado minha
mochila com uma ESTRANHA, sendo que nela estava a minha carteira, com R$250 e
mais a câmera! Que não é nenhuma profissional, mas comprei no ano passado e
gosto muito dela rs Enfim, a nova burrada já tava feita, agora não adiantava,
só quando eu saísse ia descobrir se estava tudo no seu devido lugar kk.
Detalhe: adivinhem o que aconteceu com o guri que estava atrás de mim para
entrar no CASV? ELE ESQUECEU O PASSAPORTE! Sério, me deu muita pena dele. Aí
agradeci por ter pelo menos me lembrado dele em tempo de consertar o erro.
Bom, dentro do CASV é aquilo que todo mundo fala, rápido e fácil. Tirar
fotos, digitais, e vir embora. Quando saí de lá, minha mochila estava
bonitinha, do mesmo jeito que deixei. Agradeci muito a mulher e ela foi bem
simpática. ;)
Na segunda fui até o escritório da CC (LINDO!!), peguei meu kit visto,
que não vem nada demais, mas papéis bem importantes. Conversei um pouco com a Carol, meu pai fez umas
perguntinhas básicas sobre o seguro do programa e depois, fomos ao Ibirapuera
que é super perto da CC, tu vai caminhando e chega rapidinho. Aquilo é lindo e
enorme, tem MUITA coisa lá dentro, mas
claro, em segundas-feiras essas atrações normalmente não abrem rs Enfim, eu e
meu pai alugamos duas bicicletas, e ficamos por lá andando, até a hora do
almoço. De tarde fomos no shopping que tem ali perto, matamos o tempo, tomamos
buffet de sorvete e fim, fomos pra casa descansar e ficar nervosa para a
entrevista.
Eu estava ansiosíssima por esse dia, mas desde que eu havia marcado,
não sei porque, eu tava com um sentimento de que o visto ia ser negado.
Claro que eu tentava pensar positivo, mas às vezes era mais forte do que eu.
Quando me dei conta do passaporte esquecido então, aí sim né, “eu sabia que ia
dar algo errado” rs. Só que na segunda de noite, quando fui dormir, também não
sei porque, mas esse pensamento mudou. Comecei a mentalizar todas as pessoas
que me disseram que esse visto já era meu, inclusive vocês que comentaram no
último post (obrigada!), e não foram poucas! Daí começou a nascer uma ponta de
esperança sincera e natural dentro de mim.
Cheguei lá uma hora antes do meu horário, e é bem como dizem: não
precisa! Como eu precisava ir de ônibus, e tenho pavor do que ouço do trânsito
de SP, achei melhor não arriscar e sair cedo. Só que as filas são organizados
por horário marcado, então não adianta chegar muito antes, porque a tua fila já
ta definida.
O lugar é bem diferente do que pensei, e é bem chinelento rs Mas pelo
menos é organizado. Depois da fila inicial vamos pra fila da revista, e por
fim, ficamos todos juntos esperando chamarem nosso nome. Não existe uma ordem
lógica pra nós, mas pra eles com certeza deve ter. Tinham uns 20 guichês de
entrevista funcionando, e é tudo junto, todos podem ouvir de todos. Tanto os
que esperam, quanto os que entrevistam. Mas não fiquei analisando os consuls,
nem nada disso. Simplesmente esperei. Logo chamaram meu nome. Guichê 8. (meu novo número da sorte hahaha)
Nesse guichê tinha um casal sendo entrevistado, um cara que ainda
estava na minha frente, e eu. O casal foi aprovado, e o consul resolveu tomar
água. HAHAHA Demorou!! Depois disso, a entrevista do cara na minha frente
também demorou um pouco. Ele tava aplicando para ir fazer um treinamento de
piloto para a Copa Airlines, e como o consul não fala PT muito bem, ele tava
com um pouco de dificuldade para entender a situação do cara. Quando os dois se
entenderam bem, tudo certo e o visto dele foi aprovado. No fim das contas, fiquei 15min esperando a minha vez de verdade.
AÍ ERA EU!! E NÃO ACREDITO ATÉ AGORA QUE JÁ PASSEI POR ESSA FASE. (vide atualização da minha lateral direita, com um status bem animado rs).
E a entrevista foi assim:
C – Bom dia! (Super simpático!)
C- Qual o motivo da viagem?
C – Hmmmm, au pair, all right!
C- So, why are you going?
E – Because when I come back to Brazil I wanna be a social worker and I
think the personal growth and the experience I can get with this program will
help me a lot in being a better professional.
C – Ok (risinho de aprovação)
C – So, you’re going to live in Minnesota. Do you have any experience
with snow? (rindo)
E – No, no, but I know I’ll have there.
C – How long have you worked with kids?
E – With the little ones almost one year (respondi assim, porque lembrei
que as minhas host kids são little, mas podia ter respondido qualquer coisa, já
que eles não têm as informações da nossa HF!)
C – Hmmm, and with the olders? (nesse momento percebi que eu não precisava ter sido tão explícita na resposta da pergunta anterior rs)
E – Hmm, about four years (por causa dos meus primos. Só que na verdade
não tem como contabilizar minha experiência com meus primos, então apenas
chutei um tempo rs)
C- And what do you do here? Do you study?
E - No, I'm just working in an office in the afternoons and in a daycare in the mornings (pra que citar as coisas na ordem cronólogica né? é o nervoso gente! rs)
C – Do you study english?
E – Yeah, I studied in na specialized school.
C – So, I have to ask you what would you do in an emergency situation?
E – Call 911 and keep calm (eu rindo, e o consul também).
C – Ok, I approved your visa
E – Oh, thank you so much! (eu não acreditava no que ouvia!!)
C – You’re welcome (dando os ombros, como se não fosse nada demais rs).
Then, ele me deu o livrinho de regras e disse que eu não poderia deixar
de carregar o DS comigo SEMPRE que fosse
viajar in ou outside dos EUA. (aqui ele até comentou sobre a proximidade de
Minnesota com o Canadá, e disse que eu poderia aproveitar pra conhecer lá hehe).
Depois ele me perguntou se eu tinha entendido tudo, eu disse que sim, e
ele ainda recomendou que eu comprasse casacos para a viagem! Minha entrevista terminou com um lindo e sonoro "Enjoy your time!". Sem grosserias, sem precisar de nenhum documento extra. *-*
Sério, muito querido e muito diferente da maioria das entrevistas que eu tinha lido por aí, (Claro, as perguntas basicamente as mesmas, mas o jeito dele não).
Depois disso saí correndo do consulado, louca pra contar pro meu pai! Acreditam que não encontrei o bendito no nosso ponto de encontro? Eu tava era pronta pra contar para a primeira pessoa que me aparecesse, ainda que eu nem estivesse acreditando! Hehehe
Depois de entrar em todos os cafés da rua do consulado, achei meu papai rs Lá no fundinho da café tava ele, assistindo o jogo. Aí perdi a vergonha na cara, e falei meio alto "Ouuuu", tentando chamar a atenção dele. Quando ele me viu, nem precisei dizer nada, tava estampado na minha cara I GOT IT! Nos abraçamos e pegamos o celular para começar a espalhar a boa nova hehe
Essa sensação é maravilhosa, saber que finalmente conquistei algo que eu queria muito e há muito tempo, e que tinha sido de primeira! :)Nunca fui tão agradecida a minha família pelo apoio, e também, a todas as pessoas que encontramos pelo 'caminho' que nos ajudaram de uma forma ou de outra nesses quatro dias. E claro, tenho que agradecer muito a vocês que me deixaram tantos recadinhos dizendo que tudo daria certo. De verdade, foi muito importante pra mim!
Hoje vou parando por aqui, porque esse é o post mais longo da história, for sure! (aliás, parabéns pra quem leu tudo rs)
Beijos,
Duda!
PS1: Agora, ao fundo do título do meu blog, no lugar da nossa linda Golden Bridge, vocês podem ver uma foto da minha futura cidade no outono :)
PS2: desejo profundamente que todos que estão no processo passem por toda essa emoção da aprovação do visto, é sem explicação! (e ah, não esqueçam o passaporte! hahaha)